
Adoção: uma perspectiva bíblica
Fala-se pouco sobre adoção em nosso meio. Embora tenhamos noção da sua importância e relevância, dedicamos pouco tempo para ler, ouvir e aprender sobre o assunto. Muitas vezes, nossa compreensão se limita a considerar a adoção como algo delicado, reservado apenas para pessoas especiais que receberam um dom ou um chamado. Afinal, imagine a tarefa de criar uma criança que carrega consigo traumas e marcas do passado?
Entretanto, esse pensamento pode ser levemente equivocado devido às nossas limitações e preconceitos. Temos resistência em relação ao que pode ser um desafio e, principalmente, ao que nos tira da nossa zona de conforto. Mas eu quero mudar a sua perspectiva em relação a isto. A maneira como fomos resgatados por Cristo pode nos ensinar muito.
A aliança estabelecida entre um homem e uma mulher foi planejada por Deus como um propósito divino para a criação e educação dos filhos. Embora existam situações em que a infertilidade ou outras circunstâncias impeçam um casal de conceber biologicamente, a adoção surge como uma alternativa que permite aos casais cumprir sua vocação de serem pais e criar filhos que seguem os caminhos de Deus.
É importante ressaltar que nem todos são chamados pelo Senhor para adotar. Não vou dizer se você deve ou não fazer isso. No entanto, como igreja, podemos e devemos nos envolver com mais intensidade em temas como a adoção e o cuidado aos órfãos. Embora nem todos sejam chamados a adotar, cada membro da igreja tem um papel a desempenhar no cuidado dos órfãos, como nos é lembrado em Tiago 1:27.
Deus plantou em nossos corações o chamado para aliviar o sofrimento dos necessitados. Como embaixadores do Seu Reino, temos o dever de proteger e cuidar das crianças indefesas, assim como Jesus faria por nós.
Para os cristãos a adoção é central naquilo que nos define
Paulo destaca prontamente que, através de Cristo, somos adotados por Deus e recebemos a posição de filhos legítimos e herdeiros do reino divino (Gálatas 4:1–7).
Ao retratar a adoção dessa maneira, Paulo ressalta sua importância também como um aspecto central do evangelho. Assim como Deus nos acolheu e nos concedeu essa posição, também somos chamados a estender esse mesmo amor e cuidado para com os órfãos e necessitados. Devemos ser conscientes de que a adoção é uma forma tangível de viver o evangelho e testemunhar o amor redentor de Deus.
A adoção coloca em prática o exemplo de Deus em nós. A adoção não é apenas uma ação unilateral, mas uma forma de refletir o caráter de Deus e Seu amor incondicional. É um chamado para aliviar o sofrimento e a solidão dos órfãos, oferecendo a eles um lar seguro e cheio de amor.
Que possamos compreender a adoção como parte essencial do plano de Deus para o cuidado dos órfãos e que estejamos dispostos a responder ao Seu chamado, estendendo nossas mãos e corações para acolher aqueles que precisam de uma família. Que nossa disposição em adotar seja um testemunho vivo do amor de Deus e uma expressão tangível do evangelho em ação.