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A vontade de Deus deve prevalecer

A vontade de Deus deve prevalecer

“E, estando em agonia, orava mais intensamente.” (Lc 22.44, NAA)

No capítulo 22 de Lucas, Jesus estava se preparando para se despedir dos seus discípulos, pois o tempo havia chegado. Ele sabia exatamente o que enfrentaria e, embora fosse santo, experimentava a profunda agonia do que estava por vir.

Mesmo sendo Deus, Jesus tornou-se homem e, como tal, compartilhou de nossas emoções: temores, medos, angústias e tristezas. Apesar disso, Ele confiava plenamente na vontade do Pai, reconhecendo que era perfeita e agradável, ainda que o momento fosse de extrema dor e sofrimento.

Mas, calma lá, perfeita e agradável? Você pode se perguntar.  Como é possível considerar perfeita e agradável uma situação marcada por dor física e emocional, humilhação, desespero e sofrimento?

A Palavra nos revela que, enquanto orava, “o suor dele se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lc 22:44, NAA). Essa descrição impressionante mostra a profundidade do sofrimento emocional e físico que Jesus enfrentou. Segundo a medicina, esse fenômeno, conhecido como hematidrose, ocorre em situações de extremo estresse ou angústia que, quando os vasos sanguíneos muito pequenos nas glândulas responsáveis pelo suor se rompem, o sangue se mistura com o suor.

A resposta para essa aparente contradição, embora difícil de compreender com nossa mente limitada, é que a vontade perfeita e agradável de Deus vai além do que conseguimos enxergar no nosso campo de visão. Ela transcende completamente a nossa percepção humana, apontando para um propósito maior e eterno.

Quando falamos em “vontade perfeita e agradável”, é comum associarmos essas palavras a momentos felizes: uma família saudável, amigos que nos amam, e prazeres terrenos que nos trazem alegria. Raramente, no entanto, associamos esses adjetivos àquilo que Jesus enfrentou, pois dor e sofrimento parecem incompatíveis com essa ideia.

Contudo, a vontade perfeita e agradável de Deus vai além da perspectiva de gerar boas emoções em nós. Ela não se restringe ao que vemos ou sentimos, mas aponta para um propósito maior, eterno e cheio de amor, ainda que o cenário seja de momentos não tão felizes, família nem sempre saudável, falta de amigos e de prazeres terrenos. 

Deus amava seu filho (João 3:16), mas era necessário todo um movimento insatisfatório e desconfortável para que se cumprisse um propósito muito maior de salvação.

Jesus orou: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice!”

Naquele momento, não havia como afastar o cálice. A boa, perfeita e agradável vontade de Deus para a humanidade precisava ser cumprida: garantir a salvação eterna e a remissão dos pecados.

E Jesus compreendia isso. Não só compreendia como, mesmo em agonia, entregou a escolha nas mãos de Deus. E sabendo em seu coração que não havia outra maneira, Ele então declarou com submissão e determinação: Contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua.

E o resultado dessa escolha eu e você vivemos hoje: uma vida livre, redimida, transformada e feliz. Eis a vontade boa, perfeita e agradável de um Pai amoroso que enxerga além da nossa limitação e não é levado por emoções.

Em nossas orações, mesmo quando temos um pedido, a vontade de Deus deve ser a nossa prioridade. Assim como Jesus fez, podemos expressar nossos desejos, mas sempre deixando claro que, acima de tudo, seja feita a vontade d’Ele.

Querida irmã, a vontade do Senhor, embora por vezes difícil de entender, é sempre infinitamente melhor do que a nossa. Ele enxerga o que não podemos ver e conhece o que ainda não sabemos.

Que Deus te abençoe e te dê graça e sabedoria para seguir!

Por,

Mayara Hoffmann
Jornalista;
Profª da Escola Bíblica Dominical;
Palestrante.