A Oração de Paulo em 2ª Coríntios 12:8-10
“Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então sou forte.” (2 Co 12:8-10)
A segunda carta de Paulo aos Coríntios revela muito do coração do apóstolo. Diferente de outras cartas, aqui ele abre a alma e compartilha experiências pessoais, inclusive suas lutas e sofrimentos.
No capítulo 12, Paulo menciona a experiência extraordinária de ter sido arrebatado ao “terceiro céu” (2 Co 12:2-4). Mas, para que não se exaltasse com tamanha revelação, Deus permitiu que ele tivesse um “espinho na carne”, algo que o mantinha em constante dependência do Senhor.
Diante do sofrimento, Paulo orou três vezes pedindo que o Senhor retirasse esse espinho (v. 8). Isso mostra:
- A humanidade de Paulo: mesmo sendo apóstolo, também suplicava a Deus por alívio.
- A persistência na oração: ele não desistiu facilmente, apresentou sua necessidade repetidamente.
- A submissão: embora tivesse fé, reconheceu que a resposta estava nas mãos de Deus.
- Orar não é exigir que Deus mude tudo, mas abrir o coração para que Ele mude o que for necessário — até mesmo o nosso modo de ver a dor.
A lógica do Reino de Deus é inversa à do mundo: enquanto o mundo valoriza força, aparência e sucesso, Deus manifesta Seu poder nas limitações humanas.
Deus não removeu o espinho, mas deu a Paulo uma resposta ainda mais profunda:
“A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza.”
Aqui aprendemos que: A graça é a presença, o favor e o sustento de Deus em meio às dificuldades. A graça de Deus é suficiente em qualquer situação. O poder de Deus se manifesta quando reconhecemos nossas limitações. O sofrimento pode ter propósito espiritual: moldar o caráter e revelar a glória de Cristo em nós.
Após ouvir a resposta divina, Paulo não apenas aceitou, mas passou a gloriar-se nas fraquezas (v. 9). Isso não significa gostar do sofrimento em si, mas enxergar nele uma oportunidade para experimentar o poder de Cristo.
Ele chega a afirmar:
“Quando estou fraco, então sou forte.” (v. 10)
Ou seja, a verdadeira força não vem da autossuficiência, mas da dependência total de Deus.
A maturidade espiritual chega quando deixamos de buscar apenas alívio, e passamos a buscar a presença de Deus em meio à dor.
A oração de Paulo é um espelho para todos os cristãos. Quantas vezes pedimos a Deus que tire nossos “espinhos” — dores, lutas, enfermidades, limitações — e não entendemos por que Ele não faz isso?
A oração de Paulo nos ensina lições preciosas:
- Nem sempre Deus remove o sofrimento, mas sempre concede graça suficiente.
- A oração não é apenas pedir, mas aprender a aceitar a vontade de Deus.
- A fraqueza não é fracasso; é espaço para o poder de Cristo agir em nós.
- Os espinhos da vida podem ser instrumentos de crescimento espiritual e de testemunho.
A oração de Paulo em 2 Coríntios 12:8-10 é um convite a olharmos para além das circunstâncias e a confiarmos na suficiência da graça divina. Muitas vezes pedimos para Deus mudar a situação, mas Ele deseja mudar o nosso coração em meio a ela.
Assim como Paulo, podemos dizer: “Quando estou fraco, então sou forte”, porque a nossa força está em Cristo.

Cirlei Lopes Pereira
Pedagoga, com pós graduação em educação especial inclusiva, educação infantil e anos iniciais e gestão escolar;
Cursando pós graduação em psicopedagogia clínica e institucional.