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Você já se sentiu sem forças diante dos desafios da vida? Já se perguntou onde encontrar ânimo quando tudo parece desabar? Vamos refletir à luz da Palavra de Deus e de algumas descobertas científicas recentes, sobre como a fé pode ser a maior força que temos. 

A complexidade e a beleza da vida estão associadas a uma variedade de dificuldades pelas quais passamos, quer seja pelos obstáculos e pelas hostilidades que o mundo nos impõe, quer seja pelas pressões e exigências pessoais, profissionais e propósitos estabelecidos que dependem de nosso desempenho, nosso esforço e nossa atenção. Essas dificuldades frequentemente nos levam a momentos ou a fases de muito cansaço. Mostram, muitas vezes, como somos frágeis e como estamos suscetíveis tanto às ameaças do ambiente como às debilidades pessoais próprias de nosso ser.

A frase bíblica “posso todas as coisas naquele que me fortalece” registrada em Filipenses 4.13, se mostra em um contexto imediato (v. 12) em que o apóstolo Paulo trata da alternância entre as fases boas e as fases difíceis pelo que passava. Essa convicção não é mera sensação de empoderamento, que poderia ser uma ilusão, mas a consciência de que as vicissitudes da vida podem ser enfrentadas com a certeza de que “a paz que excede todo entendimento” (v. 7) protege os sentimentos que brotam nos momentos difíceis.

Essa consciência se mostra quando diz “aprendi a contentar-me” (v. 11), “sei estar abatido, e sei também ter abundância” e “estou instruído” (v.12). Esse aprendizado, essa instrução e essa sabedoria são decorrentes da fé de que a providência necessária para responder aos desafios vem de Deus (v. 19) e são resultantes da transformação dada pela renovação do entendimento dos que buscam a vontade de Deus (cf. Rm 12.2).

Essa experiência vivida por Paulo, ainda que seja parte essencial das boas novas de salvação, o Evangelho de Jesus Cristo anunciado no Novo Testamento, não se trata de uma novidade histórica no relacionamento de Deus com o homem. Declarações veterotestamentárias dispõem que a imutável bondade de Deus que socorre os seus servos nos momentos de necessidade já era conhecida séculos antes do surgimento da Igreja. Alguns exemplos:

• Jó disse ao Senhor que o cuidado divino guardou o seu espírito (Jó 10.12);
• Davi confiava que nada lhe faltaria porque o Senhor cuidaria dele como um pastor cuida de suas ovelhas (Sl 23);
• Isaías ensina que Deus fortalece o cansado (Is 40.29) e, além disso, ajuda quem estiver vivendo momentos tenebrosos (Is 41.10).

Ainda que, mais que um sentimento, a confiança em Deus seja uma certeza, a fé não se limita a esse caráter cognitivo de saber que Deus está presente em nossas vidas. Mais do que isso, mais do que apenas saber passivamente sobre Deus e as verdades espirituais, é uma força espiritual ativa nos momentos de decisões difíceis, de enfrentamento de dilemas, de resistência ao mal e de perseverança na santificação. Habacuque disse que “o justo viverá de sua fé” (Hc 2.4).

O escritor aos Hebreus define a fé como firme fundamento das coisas que se esperam e prova das coisas invisíveis (Hb 11.1). Na sequência, lembra das experiências de inúmeros heróis de tempos antigos que agiram por fé: Abel, Enoque, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Sara, José, Joquebede, Moisés, Raabe, Gideão, Baraque, Davi, Samuel e os profetas que militaram pela verdade até ao custo da própria vida (Hb 11). Nesse sentido, cabe destacar algumas mulheres notáveis pelas demonstrações de fé:

• Sara, uma nonagenária que, na impossibilidade imposta pelas limitações naturais de seu corpo e do corpo de seu marido, crê no impossível, e  engravida e dá à luz o filho que era promessa de Deus a Abraão (Hb 11. 11, 12);
• Joquebede, mãe de um bebê ameaçado de morte pelo rei iníquo, encontra uma solução que salva a vida de seu filho e dá ao povo de Israel aquele que libertaria esse povo da escravidão do Egito (Ex 2.1-10);
• Raabe, uma pecadora em meio a um povo pecador, que reconhece o verdadeiro Deus no povo israelita e encontra salvação para si e sua família em sua arriscada decisão de salvar a vida dos agentes israelitas (Js 2);
• Rute, uma imigrante vulnerável e hipossuficiente, que reconheceu a soberania do Deus de Israel e decidiu, mesmo contra o senso comum, se aliar à sua sogra, uma mulher igualmente pauperizada, mas que era serva do verdadeiro Deus (Rt 1.16, 17);
• Ester, uma adolescente de um povo cativo que enfrenta o ódio xenófobo do primeiro-ministro da maior potência militar de sua época, se entrega a uma missão extremamente arriscada, por ter consciência de seu papel como escolhida de Deus para livrar seu povo do extermínio (Et 1-10).

No contexto do Evangelho, a fé surge em nós quando somos expostos à Palavra de Deus e exercitamos as verdades do Evangelho em nossas decisões (Rm 10.17). Ou seja, a mensagem de Jesus, constante nas Escrituras, promove o crescimento da fé em nossa vida espiritual. Além disso, como os antigos já experimentaram, a fé surge dos exemplos dos patriarcas, das mensagens dos profetas, do conhecimento da lei de Deus e, ainda que nada disso houvesse, a própria natureza revela à humanidade o poder de Deus (Jó 12.7-10; Sl 19; Is 40.26; Rm 1.20).

Assim, do ponto de vista bíblico, a fé não se limita a sentimentos, tampouco é irracional. É uma certeza espiritual revelada por Deus, que também envolve entendimento das verdades eternas, baseada no contato com a Palavra de Deus e no reconhecimento da providência divina na ordem natural do Universo. Mais ainda, é uma orientação para as decisões e uma força propulsora para ações que reconhecem o poder, a bondade, a misericórdia de Deus e nos mantém em santificação diante das tentações e hostilidades do mundo. 

Como um fenômeno do domínio da espiritualidade, a fé não depende da ciência para existir, pois é um dom de Deus. No entanto, é interessante observar como a ciência, em muitos casos, confirma os benefícios de uma vida de fé na saúde física e emocional. A fé, por um lado, não é simplesmente uma expressão emocional; por outro, pode produzir efeitos nos nossos sentimentos e ajudar em comportamentos mais saudáveis. 

Nesse sentido, no campo da saúde mental, pesquisas mostram relação positiva da fé com menores taxas de depressão, ansiedade, estresse, pensamentos e comportamentos suicidas, abuso de álcool e de drogas. Também associam positivamente a fé com maior bem-estar, maior satisfação pessoal com a vida, felicidade, otimismo, esperança e senso de propósito e significado na vida. (GONÇALVES, J. P. B. et al, 2015; MILNER et al, 2019)

Sobre as decisões baseadas na fé, estudos mostram que uma criação religiosa com frequência semanal aos cultos e oração diária na juventude propicia melhores chances de felicidade e positividade no início da vida adulta e a adoção de comportamentos saudáveis, tais como prática de exercícios, alimentação equilibrada, evitação do tabagismo, do consumo de álcool e de drogas, e menor probabilidade de doenças sexualmente transmissíveis. (CHEN, Y; VANDERWEELE, T., 2018)

Em relação à saúde física, estudos sugerem preliminarmente uma ligação entre a fé e a melhoria da imunidade, menor pressão arterial, menos complicações cardíacas pós-operatórias e melhores resultados no tratamento de câncer. (GONÇALVES, J. P. B. et al, 2015)

A resiliência é uma característica fundamental para o enfrentamento das dificuldades. É a capacidade de, depois de passar por um grande estresse ou sofrimento, voltar ao estado anterior sem se deixar afetar pelas dores sentidas ou por eventuais perdas. Na vida espiritual, a resiliência impede que o sofrimento deteriore a pessoa. A resiliência é inerente à fé; ou seja, se há fé, há resiliência na medida dessa fé.

Na vida cristã, as tribulações disparam uma escalada de fé, conforme ensina Paulo: “sabendo que a tribulação produz a paciência; e a paciência, a experiência; e a experiência, a esperança.” (Rm 5.3,4). Davi já tinha essa convicção: ““Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo” (Sl 23.4). Isaías profetizou: “Quando passares pelas águas, estarei contigo” (Is 43.2). 

Voltando à ciência, estudo indica que uma fé em Deus promove maior resiliência psicológica de modo a produzir maior bem-estar e reduzir riscos de depressão, ansiedade e estresse. (METRY, S. et al, 2024)

O fiel consegue sublimar o momento de dificuldade por visualizar um propósito e um significado para a adversidade (MILNER et al, 2019). O resiliente percebe que o sofrimento não é o fim de tudo; percebe que esse sofrimento está dentro de uma narrativa maior, com um propósito eterno. A resiliência não diminui a dor, mas favorece a resistência à dor e a perseverança. 

É importante salientar que esses estudos mostram resultados decorrentes do exercício regular da fé. Não se trata de simplesmente adotar um rótulo religioso e não ter compromisso com as disciplinas religiosas correspondentes à fé professada. Pelo Evangelho, o comprometimento pessoal é fundamental para que essas disciplinas sejam autênticas e produzam resultados positivos na vida do crente. 

A fidelidade ao conteúdo do conhecimento do Evangelho parece produzir não somente resultados isolados nas diferentes dimensões da vida, mas mostra uma interconexão entre a dimensão espiritual com a saúde e, dentro dessas perspectivas, resultados positivos intimamente relacionados. A dimensão comunitária deve ser considerada, já que muitos dos benefícios se dão indiretamente por meio da comunhão entre os fiéis.

O encorajamento mútuo na convivência entre os irmãos (Hb 10.24, 25), o compartilhamento de recursos, a empatia e a solidariedade (At 2.42-47; Gl 6.2) são disciplinas religiosas autênticas (Tg 1.27) que, por meio da edificação da igreja, produz em cada um de seus membros o desenvolvimento de uma fé saudável, bem fundamentada (1 Pe 3.15) e frutífera em boas obras (Jo 15.16; Tg 2.14-17).

A fé que sustenta, também guia, cura e fortalece! A fé em Deus, conforme a revelação das Escrituras, é a fonte inabalável de força para enfrentar os desafios da vida. Mesmo no vale da sombra da morte, há um Deus que caminha conosco. A fé nos sustenta em nossas fraquezas, ajuda na saúde emocional e saúde do corpo, promove resiliência nos momentos de grande tribulação, guia nossas decisões com propósito e sentido e fortalece a comunhão entre os irmãos. A Bíblia ensina essas lições com as quais a ciência corrobora. 

Toda essa força, paz, esperança, resiliência e propósito encontram sua origem e plenitude em um relacionamento pessoal com Jesus Cristo. Ele é a Rocha sobre a qual podemos construir nossas vidas (Mt 7.24). 

Por isso, se você ainda não conhece Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador, considere suas palavras e seu sacrifício na cruz por você. Reconheça sua necessidade Dele, arrependa-se de seus pecados e coloque sua fé Nele. Confesse com sua boca que Jesus é o Senhor e creia em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, e você será salva (Rm 10.9-10). Ao fazer isso, você receberá não apenas a força para esta vida, mas a garantia da vida eterna com Ele. Você pode expressar essa fé em uma simples oração, entregando sua vida a Ele. 

E se você já é uma filha de Deus, sinta-se encorajada! A força que você busca já está disponível em Cristo. Aprofunde seu relacionamento com Ele através da oração constante, do estudo diligente de Sua Palavra e da participação ativa na comunhão de sua igreja local. Confie Nele mais e mais a cada dia, especialmente nos momentos de provação. Lembre-se de Suas promessas e descanse em Seu poder. Ele cuida de nós.

REFERÊNCIAS

CHEN, Y; VANDERWEELE, T. Associations of Religious Upbringing With Subsequent Health and Well-Being From Adolescence to Young Adulthood: An Outcome-Wide Analysis.  2018, doi:10.1093/aje/kwy142. Disponível em: https://academic.oup.com/aje/article/187/11/2355/5094534. Acesso em 21 abr. 2025

GONÇALVES, J. P. B. et al. Religious and spiritual interventions in mental health care: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled clinical trials. 2015. doi:10.1017/S0033291715001166. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC4595860/. Acesso em 21 abr. 2025.

METRY, S. et al. Faith in God as a protective factor against mental illness among university students within Australia. 2024. Disponível em: https://doi.org/10.1080/19349637.2024.2422312. Acesso em 21 abr. 2024.

MILNER, K. et al. The experiences of spirituality among adults with mental health dificulties: a qualitative systematic review. 2019. doi:10.1017/S2045796019000234. Disponível em:  https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC8061134/. Acesso em 21 abr. 2025.