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A vitória começa no posicionamento

A vitória começa no posicionamento

A Bíblia nos apresenta diversos líderes que, em momentos de crise, tiveram de tomar decisões que mudariam o rumo do povo de Deus. Um desses líderes foi Josafá, rei de Judá, cuja história nos ensina que não são as circunstâncias externas que determinam a vitória, mas sim a forma como escolhemos nos posicionar diante delas.

Josafá foi o quarto rei de Judá depois da divisão do reino. Ele herdou o trono de seu pai, Asa, um rei que deixou marcas importantes ao promover reformas espirituais, restaurando a adoração ao Senhor e trazendo um tempo de renovação ao povo. Mas Asa também deixou falhas no caminho: alianças políticas arriscadas e um coração que, nos últimos anos, já não confiava plenamente em Deus.

Quando Josafá assumiu, escolheu trilhar um rumo diferente. Removeu ídolos, fortaleceu a fé da nação e até enviou levitas por todas as cidades para ensinar a Lei do Senhor. No entanto, quando tudo estava “calmo” Josafá precisou enfrentar um desafio. 

Três exércitos inimigos estavam a caminho para atacar Judá. Não havia tempo de preparar soldados e nem estratégia militar capaz de vencer aquela batalha.

Diante da notícia, Josafá poderia tomar uma série de decisões precipitadas e erradas, por medo do que poderia acontecer. Mas a história nos mostra um posicionamento diferente, e um posicionamento que eu, e você, precisamos trazer como exemplo para a nossa vida.

1. Josafá buscou ao Senhor em primeiro lugar

“Josafá temeu, e pôs-se a buscar o SENHOR.” (2 Cr 20:3)

A reação mais natural diante de uma ameaça tão grande seria correr atrás de aliados, reforçar os exércitos ou, quem sabe, tentar uma saída diplomática. Mas Josafá fez diferente: seu primeiro movimento foi se voltar para o Senhor. Preste atenção: ele não deixou o medo ditar sua decisão. Pelo contrário, com muita cautela não tomou decisão de forma precipitada.

O rei declarou jejum em toda a nação e reuniu o povo para buscar juntos a presença do Senhor. Homens, mulheres e até crianças se colocaram diante de Deus em oração. Era como se Josafá estivesse dizendo: “Nós não temos forças, mas temos a quem recorrer.”

Esse detalhe faz toda a diferença: antes de agir, Josafá se humilhou e buscou direção. Ele não confiou em estratégias humanas, mas no Deus que governa todas as coisas.

2. Josafá reconheceu sua dependência

“Ó SENHOR Deus dos nossos pais, não és tu Deus no céu? (…) Em tua mão há força e poder.” (2 Cr 20:6)

Diante da multidão reunida, Josafá ergueu a voz em oração. Ele não tentou passar a imagem de um rei forte e autossuficiente, mas se colocou diante do povo e diante de Deus como alguém totalmente dependente da intervenção divina.

Em sua oração, ele exaltou a soberania do Senhor, lembrando que todo poder está em Suas mãos e que nenhum inimigo poderia resistir ao Seu domínio. Ao mesmo tempo, reconheceu sua própria fragilidade e a incapacidade do exército de Judá diante de tamanha ameaça.

Esse momento é importante, porque mostra um líder que não tem vergonha de assumir sua limitação. Em vez de se apoiar na posição de rei ou na experiência militar, Josafá declara publicamente que o único capaz de dar a vitória era o Senhor.

Assim como ele, nós também precisamos aprender a confessar nossa dependência. Reconhecer que não temos controle de todas as situações abre espaço para que Deus manifeste Seu poder em nossa vida.

3. Josafá usou as armas espirituais

“Josafá temeu, e pôs-se a buscar o SENHOR, e proclamou jejum em todo o Judá.” (2 Crônicas 20:3)

Diante da ameaça iminente, Josafá poderia ter buscado reforços militares, corrido atrás de alianças políticas ou tentado organizar uma defesa de última hora. Mas ele sabia que nenhuma dessas estratégias humanas seria suficiente. Então, tomou a decisão mais sábia: recorreu às armas espirituais.

O rei proclamou jejum em toda a nação, reunindo homens, mulheres e crianças para buscar ao Senhor em unidade. Ele conduziu o povo em oração, reconhecendo que a verdadeira força de Judá não estava nas espadas ou nos carros de guerra, mas no poder de Deus.

Nas batalhas mais difíceis, a vitória não é fruto da nossa habilidade, mas da nossa entrega. Oração, jejum e confiança são armas poderosas para todo o cristão.

4. Josafá esperou a direção de Deus

“Todo o Judá estava em pé diante do SENHOR, com as suas crianças, suas mulheres e seus filhos.” (2 Cr 20:13)

Depois de orar, jejuar e clamar, Josafá não correu para agir por conta própria. Ele entendeu que não adiantava levantar um plano estratégico sem antes ouvir o que Deus tinha a dizer. Então, junto com todo o povo, esperou.

Famílias reunidas, em silêncio, aguardando que o Senhor se manifestasse. Nenhuma palavra de pânico, nenhuma tentativa precipitada de resolver a crise. Apenas expectativa diante de Deus.

E a resposta veio. Por meio de um levita, o Espírito do Senhor falou: “Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a batalha não é vossa, mas de Deus.” Aquela espera não foi em vão.

5. Josafá adorou antes da vitória

“Josafá curvou-se com o rosto em terra; e todo o Judá e Jerusalém adoraram ao SENHOR.” (2 Cr 20:18)

Ao ouvir a palavra de Deus através do levita, Josafá não hesitou. Ele se prostrou diante do Senhor em adoração, mostrando que sua confiança não dependia do resultado visível da batalha. 

A verdadeira fé se manifesta no louvor, mesmo antes de recebermos a resposta. Josafá nos ensina que não podemos condicionar nossa confiança aos acontecimentos ao redor, precisamos escolher louvar e honrar a Deus enquanto caminhamos pelo processo.

Adorar antes da vitória é declarar que, independentemente do que vemos, confiamos no Deus que é soberano sobre todas as coisas. 

6. Josafá obedeceu e colocou o louvor na frente da batalha

“Designou cantores para o SENHOR, que louvassem a beleza da santidade, saindo adiante do exército.” (2 Cr 20:21)

A Bíblia nos mostra que, na manhã seguinte, em vez de colocar os soldados na linha de frente, Josafá posicionou cantores e levitas marchando à frente do exército, entoando louvores e proclamando a misericórdia de Deus. 

Enquanto o povo cantava, Deus começou a agir. A vitória não veio pelas espadas ou pela força humana, veio pela intervenção divina. O inimigo foi derrotado sem que Judá precisasse lutar, e a guerra se transformou em um testemunho do poder de Deus.

Isso nos mostra que a confiança em Deus e o louvor a Ele antes de ver o resultado realmente fazem a diferença. Josafá não esperou pela vitória para adorar; ele escolheu colocar Deus no centro da situação, reconhecendo Sua soberania e entregando cada detalhe nas mãos do Senhor. 

Querida irmã, quando confiamos e louvamos antecipadamente, mesmo diante de cenários adversos, abrimos espaço para que o Senhor aja de maneira sobrenatural em nossas vidas. A confiança precisa tomar o lugar do medo em nosso coração. 

Por,

Mayara Hoffmann
Jornalista;
Professora da EBD;
Co-autora do livro “Chamadas para Servir”.