
Adorando em meio às lutas
Eles estavam em Filipos, a serviço do Senhor. E, naquela colônia romana, Paulo e Silas foram instrumentos de Deus para libertar uma jovem que era escravizada física e espiritualmente. Ela tinha um espírito pelo qual predizia o futuro e, assim, dava muito lucro aos seus senhores (Atos 16.16).
E esses senhores, vendo-a liberta e sem mais poder fazer adivinhações, levaram Paulo e Silas aos magistrados, incitaram as pessoas contra eles, e os missionários acabaram severamente açoitados, lançados numa prisão, com os pés presos num tronco e cuidadosamente vigiados.
É nesse contexto que, perto da meia noite, os outros presos podiam ouvir Paulo e Silas orando e cantando louvores a Deus. Pode ser terrivelmente frustrante ao nosso coração humano enfrentarmos dificuldades tão grandes exatamente por estarmos em obediência ao Senhor e à Sua vontade. Se fôssemos nós naquela prisão, talvez nosso coração estivesse cheio de questionamentos, ou simplesmente não conseguíssemos encontrar palavras para orar, como se nenhuma oração fizesse sentido.
O texto bíblico não especifica as palavras de oração que eles dirigiram ao Senhor. Mas eu realmente acredito que eles não procuravam formas diferentes de pedir, insistentemente, que Deus os tirasse dali. Na verdade, o fato de cantarem louvores a Deus fala muito sobre a atitude de seus corações e o possível tipo de oração que eles faziam naquela prisão. Acredito que expressavam ao Senhor a sua gratidão por serem considerados dignos de sofrer por Ele, e por ter concedido a liberdade àquela jovem. Acredito que intercederam por ela, pedindo que o Senhor fortalecesse a sua fé e a ajudasse a seguir em Seus caminhos. E não somente a ela, mas a tantas outras vidas que poderiam vir a crer naquela cidade.
Essa atitude só pode surgir de um coração que foi moldado pela profunda comunhão com o Senhor. Em seu livro “O poder da oração simples”, Joyce Meyer fala sobre somente sermos capazes de enfrentar todos os desafios que se apresentam em nossa vida se tivermos uma vida de oração. Isso não fala apenas sobre apresentarmos a Deus minuciosamente todos os nossos problemas para que possamos vencê-los, mas ao poder transformador que a oração exerce na vida de quem se dedica a ela. Através dela exercemos a gratidão, a confiança, aprendemos a ouvir o Senhor e nossa fé é fortalecida. Nossa forma de pensar e agir se tornam mais parecidas com as do Senhor.
Muitas vezes, agimos como se a oração fosse apenas uma ferramenta para “abrir as portas das prisões”, para alcançarmos de Deus aquilo que desejamos. Enquanto isso, o Senhor nos oferece como uma oportunidade de que, ao nos aproximarmos Dele, nos tornemos mais parecidos com Ele, e sejamos fortalecidos, encorajados, por compreendermos melhor quem Ele é e como é soberano sobre tudo. Isso não diz respeito somente ao Seu poder para resolver qualquer problema, mas nos diz que, na Sua soberania, Ele age imensamente além do que podemos compreender.
Se Paulo e Silas estivessem apenas pedindo por si mesmos, provavelmente, ao se abrirem as prisões e caírem as correntes, eles simplesmente sairiam dali, entendendo que o Senhor havia atendido à sua oração. Mas eles ficaram ali, e levaram paz ao carcereiro, que temia por sua própria vida. Quando ele perguntou a eles o que deveria fazer para ser salvo, eles deixaram de lado a dor das feridas causadas pelos açoites e pelas correntes e anunciaram a salvação que era estendida a ele e à sua casa se ele cresse no Senhor Jesus.
Ao ouvir os seus servos, o Senhor não moveu apenas os alicerces da prisão; Ele moveu os corações do carcereiro e de toda a sua família naquela noite. Ele não apenas libertou Paulo e Silas da prisão; Ele promoveu a verdadeira liberdade através do conhecimento de Seu Filho. Quando nosso coração transformado pela comunhão com o Senhor é derramado em oração e louvor, o Seu agir alcança muito mais além daquilo que pedimos ou pensamos, para a Sua glória. Que essa história nos motive a aprofundarmos continuamente a nossa comunhão com o nosso Pai e nos deixarmos transformar para sermos cada dia mais parecidos com Ele.
Referências:
Meyer, Joyce. O poder da oração simples: como falar com Deus sobre tudo / Joyce Meyer; tradução de Maria Lúcia Godde / Idiomas e Cia. — Belo Horizonte: Belo Publicações, 2018

Ana Formigari
Esposa e mãe;
Ministra da Palavra;
Escritora e Jornalista.