
O egoísmo pode impedir minha oração?
A oração é, sem dúvida, uma das práticas mais sublimes da vida cristã. Há quem diga que a maior declaração de amor entre bons amigos é dizer: “Eu estou orando por você!”. Uma vez que a oração é uma conversa sincera com Deus, é o espaço de diálogo vivo entre o ser humano e o Criador de todas as coisas, por meio do qual o cristão expressa adoração, gratidão, confissão e súplica.
Entretanto, nem toda oração é eficaz. A Bíblia é clara ao afirmar que certos comportamentos e atitudes internas podem se tornar barreiras entre nós e Deus. Dentre eles, o egoísmo se destaca como um dos mais graves impedimentos à oração eficaz. Desde a queda do homem no jardim do Éden em (Gn 3), o egoísmo passou a fazer parte da natureza corrompida do ser humano.
O apóstolo Paulo ao escrever aos Filipenses disse: “Nada façais por partidarismo ou vanglória, mas por humildade, considerando cada um os outros superiores a si mesmo.” (Fp 2.3). Aqui, vemos que o egoísmo é o oposto do espírito cristão de humildade e serviço. Aquele que ora movido por interesses egoístas não está verdadeiramente buscando a vontade de Deus, mas tentando manipular o Senhor para a realização de seus próprios desejos.
Para corroborar com esse ensino vemos Tiago sendo ainda mais contundente dizendo: “Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” (Tg 4.3). Nesse texto o autor alerta quanto a real intenção do pedido e, mesmo que o desejo esteja apenas no coração, o Senhor tem poder para sondar, como profetizou Jeremias: “Eu sou o Senhor que sonda o coração e examina a mente, para recompensar a cada um de acordo com a sua conduta, de acordo com as suas obras.” (Jr 17.10).
É imprescindível que aquele ora, tenha certeza que o Senhor não se compromete com pedidos que alimentam o orgulho, a ganância ou a autossuficiência, todavia, Ele busca corações quebrantados, que desejam, acima de tudo, a presença dele, a graça dele, a unção que vem dele. Jesus nos deixou o exemplo de oração, confira o “Pai Nosso” em Mateus 6. 9 ao 13.
Podemos afirmar que a oração eficaz é aquela que se alinha à vontade de Deus. João foi inspirado por Deus e escreveu na sua primeira epístola: “E esta é a confiança que temos para com ele: que, se pedirmos alguma coisa segundo a sua vontade, ele nos ouve.” (1 Jo 5:14).
Sendo assim, a eficácia da oração não está na intensidade dos sentimentos nem na insistência dos pedidos, mas na aceitação e confiança na vontade de Deus. Quando o coração e pensamento estão alinhados à vontade de Deus o egoísmo não encontra espaço para promover a soberba, uma vez que ela é de igual modo um sério impedimento, veja o que Tiago diz sobre este sentimento: “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (Tg 4.6).
Portanto, o egoísmo pode sim impedir as nossas orações. Para que isso não aconteça devemos orar de forma altruísta e submissa a soberana vontade de Deus que é boa, perfeita e agradável. Orando uns pelos outros, com compaixão e amor sincero.
Para ter uma vida de oração frutífera é necessário um coração quebrantado, rendido ao Senhor, disposto a amar a Deus acima de tudo e ao próximo como a si mesmo. Assim, nossa oração se tornará um instrumento poderoso, não para a realização de nossas vontades egoístas, mas para a manifestação da perfeita vontade de Deus.
Referências:
BÍBLIA SAGRADA. Tradução de João Ferreira de Almeida. Brasília: Sociedade Bíblica do Brasil, 1969.
CHAMPLIN, R. N. O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo, v. 1. São Paulo: Hagnos, 2014.

Thayza Araújo
Psicopedagoga, Teóloga e Mestranda em Letras.