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O que é importante ensinar para os filhos

O que é importante ensinar para os filhos

Os últimos quarenta anos foram extremamente transformadores para a humanidade e para as famílias. É um mundo em que nossas crianças e adolescentes vão viver em sua vida adulta em meio à aceleração das mudanças sociais, econômicas e tecnológicas. Como podemos, então, preparar nossos filhos para enfrentar essa realidade? O que é importante que eles saibam? E como deve ser a nossa postura para influenciar nossos filhos?

A primeira coisa é a consciência do Evangelho de Jesus Cristo. Esse conhecimento vem do exercício regular do estudo das Escrituras. Os jovens devem compreender a existência do Criador, o afastamento do homem em relação a Deus e o plano redentor através do sacrifício de Jesus. O Evangelho é poder de Deus não somente no mundo conservado pela religiosidade mas também no mundo que busca a sabedoria (Rm 1.16; 1 Co 1.22-24). É fundamental que ensinemos nossos filhos sobre temor a Deus como princípio da sabedoria (Pv 9.10).

Esse foi o trabalho de Eunice e Lóide em relação ao menino Timóteo: estudar e compreender as Escrituras (2 Tm 1.5; 3.14-17). Ensinar também que a oração é uma disciplina espiritual que coloca a criança em contato direto com Deus e a ajuda no desenvolvimento da sua fé.

A disciplina da criança se desenvolve a partir desse cuidado dos pais (Ef 6.4). A vida nos impõe limites e as crianças devem desenvolver essa consciência até a fase adulta. Para isso, muitas vezes, diante de nossos desejos, recebemos um “não” como resposta. Queremos dar coisas boas aos nossos filhos, mas isso nem sempre é possível; às vezes temos que dizer “não”. Ao receber uma resposta negativa justa, os filhos aprendem a controlar seus impulsos, a respeitar os outros e a se preparar para a vida real, que nem sempre é favorável aos nossos desejos.

No mundo pós-moderno o excesso de informação não trouxe apenas esclarecimento; há confusões com o excesso de informações muitas vezes enganosas. A comunicação sincera, ética, não raramente perde espaço para as inverdades revestidas de sensacionalismo. As bolhas de informação fomentadas por algoritmos de redes sociais e de mecanismos de busca obscurecem o entendimento. A verdade é um valor do Evangelho (Jo 8.32).

Na vida cristã não há espaço para obscurantismos (Tg 1.17-18). Nesse sentido, nossos filhos devem ser ensinados a filtrar, selecionar e criticar respeitosamente as informações que chegam pela Internet ou mesmo pela imprensa. O fortalecimento na verdade também é uma função da igreja, que tem a incumbência de enrobustecer seus membros na verdade através do exercício dos dons ministeriais (Ef 4.11-15).

Por isso é fundamental que os jovens desenvolvam um espírito de comunhão com a igreja, buscando a convivência com os irmãos e a submissão aos pastores (Hb 10.25). No ambiente da igreja, em que se promove a santificação, os nossos filhos estarão mais preparados para diferenciar o falso do verdadeiro.

A busca pelo sucesso se tornou um valor. Exigimos de nossos filhos uma dedicação que nós mesmos, em alguns casos, não tivemos. Cursos de idiomas, preparação para a Universidade, desenvolvimento artístico, programação de computadores, entre outras cobranças que tornam a vida estressante. Tentações surgem no meio do caminho para a adoção de comportamentos desonestos ou reprováveis, quer para atendimento das pressões em busca do sucesso, quer como esgotamento das forças de caráter.

Nossos filhos devem estar sempre comprometidos com a ética, ainda que isso represente percalços no meio do caminho. Além disso, essas pressões podem resultar em desequilíbrios emocionais. Os jovens devem ser ensinados sobre a importância do equilíbrio emocional e, em caso de risco psicológico ou de situações estressantes, saber se reequilibrar ou poder contar com pessoas na família ou na igreja que os ajudem nesses desafios.

O exemplo dos pais e dos mais experientes é fundamental para a absorção desses valores na mente do jovem. É o caso de Eunice, Lóide e Timóteo, já relatado aqui. O filósofo Ralph Waldo Emerson dizia que “suas ações falam tão alto que não posso ouvir suas palavras”. Nesse sentido, os pais, antes dos filhos, devem desenvolver o apreço pela leitura e compreensão da Bíblia como forma de testemunho de sua fé (1 Pe 3.15).

A criança precisa ver em seus pais o interesse legítimo pela Bíblia. Os pais também devem ser conhecidos por seus filhos como pessoas que recorrem à oração, quer seja para pedir as bênçãos de Deus, quer seja para agradecer.

Os pais também devem ser exemplos de honestidade e de comportamento ético, refutando a mentira, não se isolando em bolhas de informação, evitando os atalhos indevidos, ainda que isso signifique o sacrifício de algum bem. Além disso, devem estar abertos a ouvir os filhos, em escuta ativa, que aumenta a conexão entre os interlocutores e gera confiança no momento do diálogo.

Deus se mostra interessado nessa interação entre pais e filhos desde a formação do povo de Israel, em que colocava sobre os pais a responsabilidade da formação de seus filhos. Cabia aos pais um contato contínuo e intenso com seus filhos dando o exemplo de devoção a Deus em todos os momentos dessa convivência (Dt 6.6-9).

Na atualidade, pais e mães têm obrigações laborais e educacionais impostas pelo modelo econômico e nem sempre têm condições de uma convivência contínua com os filhos. Porém, se esse for o caso, os raros momentos em que passam juntos durante o dia devem ser desfrutados com qualidade. A partir dessa disciplina dos pais, temos uma promessa que, ainda que haja percalços no meio do caminho, a criança bem ensinada levará esse ensino por toda a sua vida. “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele.” (Pv 22.6)

Por,

Zenilda Diniz
Psicóloga, Teóloga, Missionária e Palestrante.