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Por que Deus fica em silêncio quando mais precisamos Dele?

Por que Deus fica em silêncio quando mais precisamos Dele?

No último domingo, inúmeras famílias celebraram o Dia dos Pais com alegria.

Abraços calorosos foram trocados, presentes foram dados, e momentos de união foram compartilhados em torno da mesa, seja durante um almoço afetuoso ou um descontraído café em família. No entanto, para muitas pessoas, incluindo a mim, esse dia também trouxe um aperto no coração ao relembrarmos os momentos felizes que compartilhamos com nossos pais quando eles ainda estavam ao nosso lado… Aqueles que possuíam registros como vídeos e fotografias que imortalizam esses instantes viram-se envoltos em uma nostalgia ainda maior.

Vivi dias de angústia profunda e luto infindável após a dolorosa perda do meu pai em fevereiro de 2021. Ele foi vítima da Covid-19 e enfrentou um quadro de exaustão e tosse que gradualmente minou sua vitalidade.

Testemunhar sua força de vida se esvair e ter que dar entrada no hospital para a internação dele foi uma experiência dilacerante… Durante os dias de internação do meu pai no hospital, confesso que não me incomodei com o silêncio de Deus; na verdade, eu tinha medo de ouvir sua voz e que Ele me dissesse que levaria meu pai para Sua presença. Assim, vivi três dias de desespero, choro e lamento. Esforçava-me para acreditar que papai voltaria para casa

Lembro-me da narrativa de Jó na Bíblia, onde ele, em meio a um contexto de sofrimento surreal e mantendo uma fé inabalável, deparou-se com o silêncio de Deus justamente quando mais ansiava por ouvir Sua voz. É prudente reconhecer a imensidão do sofrimento enfrentado por Jó, um homem justo que foi afligido pela perda de seus bens materiais e sua saúde, sendo a pior de todas as tragédias a morte de seus dez filhos, todos de uma única vez. É quase inimaginável sentir a profundidade da aflição que ele experimentou, com a visão de dez caixões reunidos em um só funeral. Este evento angustiante transcende qualquer medida de dor que podemos compreender.

Até o capítulo 37 do livro de Jó, testemunhamos o intenso sofrimento que ele suportou, da perplexidade de sua esposa e das tentativas confusas de seus amigos em explicar a intervenção divina. Contudo, a partir do capítulo 38, Deus começa a manifestar Sua revelação a Jó.

Voltando para a minha história e o silêncio de Deus quando meu pai estava há três dias no hospital: na última madrugada de internação do papai, saí da minha cama, fui até a sala e clamei a Deus. Chorei pedindo o milagre, rolei no chão da minha sala e citei o texto da ressurreição de Lázaro (João 11) para pedir o milagre da morte sobre a vida. Eu queria muito que meu pai fosse mais uma das pessoas que saíssem do hospital numa cadeira de rodas carregando um cartaz escrito: “eu venci a Covid-19”. Mas Deus ficou em silêncio.

No quarto e último dia de internação, o Senhor recolheu o meu pai. Tive o privilégio de vê-lo um dia antes de seu falecimento (quando fui levar uns pertences e estavam mudando ele de sala) e no dia em que ele faleceu, eu estava na recepção do hospital esperando notícias. Tive a chance de abraçá-lo pela última vez e ouvi do paciente que estava internado no leito ao lado do meu pai que, naquela manhã, meu pai disse que Deus iria buscá-lo.

Deus permitiu-me saber que meu pai estava em comunhão com Ele antes de seu falecimento para me consolar. No entanto, após esse momento, um novo silêncio divino se estabeleceu durante o período de luto pela partida de meu pai. A cada lembrança que surgia dele, a dor se tornava insuportável, e essa situação não apresentava melhoras. Como convivíamos diariamente, éramos muito próximos, e eu resumo o luto como uma experiência em que “todo o amor vira dor”. Quanto maior o amor, maior a dor…

Minha cura foi sobrenatural. A dor foi tirada por Deus da noite para o dia depois de 6 meses de muito sofrimento e saudade. Foi na noite em que assumimos a igreja que cuidamos atualmente, em agosto de 2021. No dia seguinte, ao fazer meu devocional, senti que aquele “buraco no peito” havia fechado. Deus curou-me para que eu pudesse ser um instrumento de cura nas mãos Dele.

Mas, semelhantemente a Jó, eu precisava de uma revelação de quem Deus é: um Pai presente. Muitas vezes Deus fica em silêncio para que nossa alma também se cale e possa ouvir Sua voz. Quando estamos em meio ao desespero, não temos a capacidade de observar Sua grandeza. Foi assim que o Senhor começou a revelar Seu poder a Jó, no capítulo 38:4, quando Ele diz: “Onde você estava quando lancei os alicerces da terra? Responda-me, se é que você sabe tanto.” (NVI)

Nossa tendência natural em meio ao desespero é buscar respostas humanas para nossas questões. Mas somente quando ouvimos Deus falar é que entendemos que todas as coisas estão debaixo de Sua soberana permissão e vontade. Eu tinha o costume de choramingar lembrando do meu pai e eu dizia em meu coração “meu paizinho… ele era tão bonzinho…”. 

Até que um dia senti Deus dizer em meu coração: “Eu sou um Pai bom!” Foi então que entendi que tudo o que tive e tenho de bom vem Dele, um Pai eterno e presente. É como se Ele dissesse: “Ei filha, estou aqui, seu paizinho bonzinho…”. Essa revelação da paternidade foi o término da cura em meu coração.

Tenho percebido que muitas irmãs em Cristo precisam desta revelação de quem Deus é. Elas crêem em Deus, mas ainda precisam aprender a transferir toda a carência que sentem do pai terreno para o Pai celestial. Deus é nosso líder espiritual, nosso pai conselheiro e nosso protetor fiel. Que possamos silenciar as vozes da nossa alma para ouvir Deus falar, mesmo em meio às tempestades da vida. “Então o Senhor respondeu a Jó do meio da tempestade.” Jó 38:1 

Com carinho,

Por,

Paola Budal da Silva
Esposa de Pastor;
Professora dos cursos Mulher Única e Preciosas;
Discipuladora e palestrante.